quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MARGINAL



A retina captura a luz do teu olhar.
Te ver à mostra, me encanta.
A covinha ao lado do sorriso,
Lindo, branco, perfeitos lábios,
iluminada alegria de viver.
A beleza da pele, lisinha,
o umbigo, redondinho
na barriga durinha.
Que mirada de esguelha!
O que te dá na telha!?,
quando você vem se mostrar,
cheio de atitude,
e tantas virtudes,
para minha total beatitude!
Vai encarar?!
Mexe comigo,
bole que não é mole.
Passa e repassa,
me deixa sem graça com teu assédio,
espanta o tédio de ser eu,
Que de tantos modos quero te ver que nem é de bom tom que fique te encarando afinal nem fomos apresentados formalmente, nem pertencemos ao mesmo círculo de amizades e nosso encontro, fortuito, totalmente ao acaso, escusados destinos ou desatino do tino, se há de se repetir, senão, será hoje somente aqui e agora, ao piscar terei deixado passar sem guardar, arsenal, depósito, memória, quem sabe inglória história, talvez nunca mais nos vejamos com os olhos que nos encantou hoje e nem haverão interpretações das impressões que de você me permito:
Mito tatuado, estonteante, escandaloso, desmesurado de incertos absurdos contornos, tangentes marginadas, imaginadas em mundos marginais, facções, falanges, sílabas, sinais, tribais, tramas, mapeando a pele, Apolo alegórico, fábula figurada de animais e seres inanimados, dragões, leões, sereias, serpentes, tigres, touros, Teseu e o minotauro, Ulisses, argonauta marujando mares a navegar, portos fundeados, terras exóticas a conquistar, anjo gravitado, águias gravadas às agulhadas no flanco dorsal direito, peitorais estampados com o que deveriam ser capazes de enfrentar, tempestades, furacões e todas as ilusões de um parque de diversões, Hermes a se mover no ar pronto para amar, Aquiles de calcanhares cravados na terra sem ousar transpor a barreira, tendo vertigens à beira, nem ir às origens, ou a Órion, fundeados à orla,... mesmo assim,
Moleque abusado,
de musculatura túrgida e coxas torneadas,
tratadas à ferros,
anabolisado por meu olhar,
cria uma só imagem, visagem.
Na viagem voraz que faço,
como um pouco de cada,
tão belos, todos, cada qual a seu modo.
E eles vêem, são muitos, serafins, delfins míticos em constelação estelar,
orbitando voejam, deixam que eu veja, se mostram, se expõem.
Júbilo opiado,
bomba o bumbo da bateria, bombeia o sangue, aflui energia infinita, alimenta o espírito,
colírico deliro onírico!
Mareado, meneio marimbondos,
mirando a maneira beleza, viva, escultórica, jovem, sem retórica, masculina,
mostrada quase despida, despudorada, dourada,
deuses,
de sunga,
desfilando à beira-mar,
domingo.

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