domingo, 10 de outubro de 2010

TEMPOS DE NET



As janelas da alma,
O olhar colírico,
Lisérgico,
Sem colírio,
Usava óculos escuros.
Vidrados olhos, hoje,
espelha-se pela lente da cam.
Em frente ao pc,
Indivíduo, tecla!
Na interatividade dark
Das sala de chat, tateia.
Blz brow?
Q tclar?
From where?
NY, yu?
SP.
A fim d q?
Tm msn?
Me add.
Tm cam?
Na tela seu olhar, ausente,
Não se sente,
Não se mostra.
OOOOOOOPS!!!!!! Quase entalo!!!!
Tudo de você que é viável,
O que você deixa visível,
(Incrível, risível)
É o olho cíclope do falo.

ESFINGE



Numa rua que é um deserto
Vejo um leão perto
Pode ser Jorjão Paulão Luizão
Intuo-lhe o codinome
Pressinto a negra fome
Me sei presa
Finjo surpresa
Com cara de esfinge
Digo como quem finge
Te dou cifras
Tu me devoras!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

NEVE DA PRIMAVERA



Pois tudo que é sagrado possui a substancia dos sonhos e lembranças de forma que experimentamos o milagre das coisas das quais estamos separados, seja pelo tempo ou pela distancia e que se tornam de repente tangíveis para nós. Sonhos, lembranças, o sagrado - são todos parecidos pelo fato de estarem além do nosso alcance. Quando ficamos separados, ainda que não substancialmente, daquilo que podemos tocar, o objeto fica santificado, adquire a beleza do inatingível, a qualidade do milagroso. Todas as coisas na realidade possuem esta qualidade sacra, embora possamos conspurcá-las com um toque. Quão estranho é o ser humano! Seu toque vilependia, embora nele esteja contida a fonte dos milagres.

YOKIO MISHIMA