domingo, 11 de outubro de 2009

NA ESTRADA



Merlin seguindo a frente é tudo o mais são indistintos contornos no nevoeiro virando chuva fininha e um terrível frio infiltrando ossos e viv’alma se move senão farpas farrapos apenados apelando luz no breu breve vem a aurora aquela hora em que ainda o entorno é silêncio e apreensão prestes a explodir em vida que agora parece exaurida exercido o negror em que tudo assume proporções desmedidas à ausência de parâmetros pela imaginação exacerbada preparada para um provável encontro com demônios que vagam a procura de uma brecha entre mundos entre a luz e a escuridão donde se evadem para penetrar corações distraídos invadindo relações criando confusões armando situações limite e no limite das forças forçando para chegarmos a um destino em desatino empreendida viagem sem a devida bagagem nem armas com que nos defender em caso de ataque e vai saber que impulso nos fez estar na estrada longe de qualquer ermida que nos possa dar acolhida quando as sombras mais se espessam espectrando tudo que cada passo pode ser o derradeiro pois beiramos terreiros de precipícios tenebrosos umbrais trevosos onde a vida nada vale mas vale saber que Marlin parece ter a exata noção de onde pretende chegar me arrastando assim pôr vales abissais como se caminhasse na nave de uma catedral banhada pela luz Divina e guiado pôr cânticos angélicos até um altar onde receberá a comunhão que o livrará de todo o mal aliás dá a entender pela determinação e leveza com que anda que pelo mesmo motivo o mal que a mim aflige tingindo terríveis cenas na imaginação a ele já não atinge tangenciando uma aléia em íngreme ladeira damos com a porta de um provável pouso onde nos pomos a bater na intenção de que alguém nos receba e nos conceda abrigo das inclementes intempéries que nos enregela os membros cansados famintos somos convidados a entrar destravadas as aldravas do enorme portão portanto estamos a salvo dos perigos da noite mesmo que não saibamos em que antro de ladrões adentramos de boa fé fazendo mesuras o mestre da casa nos conduz a mesa que parece estar posta a nossa espera alumiada pôr lamparina a refeição fumegante parecendo extremamente apetitosa dada tremenda fome faz salivar as línguas largamos o corpo sentando Marlin e eu e nem reparamos nos outros convivas que aparentemente não tem interesse pôr nós nos entretemos devorando o pernil de um cabrito assado pão queijo e vinho fazendo efeito amolecendo membros ambos bambos somos conduzidos a alcova arranjada com esmero como se fosse receber o príncipe do reino e meu reino pôr uma cama onde derrubar meu corpo em estado lastimável e o estimado estalajadeiro nosso hospedeiro faz menção de oferecer como obséquio séquito na intenção da sedução dos sentidos mas pôr muito entorpecidos declinamos travando a porta com a tranca nos metemos nas cobertas e sem demora entramos nos braços um do outro trocando hálito a vinho cebola alho e mesmo assim como estamos entregamos nosso calor ao bem vindo sono que nos acolhe colhendo nos sonhos réstias de sol de paradisíacas ilhas onde nos banhamos nus nadando em mares esmeraldinos de águas mornas e transparentes enchendo nossos corações de cálida ternura e uma quentura nos faz despertar em brasa abraçando mais o parceiro passando pernas entre pernas permitindo penetrar a intimidade a umidade dando resvalo para o falo em riste rente no orifício apertado fazendo gemer de dor e prazer passando línguas pelas peles ligando mundos mágicos aos físicos carentes de calor e toques de senso sem sensu só sendo sensações satisfazendo a ânsia de aprofundarmos almas a urgência de acalmarmos a chama que nos chama um pro outro ao que chamamos amor murmurando ao ouvido coisas que dizemos somente nesta hora em que oramos em uníssono sons somente inteligíveis à língua dos anjos agindo como loucos lúbricos lidamos com nosso lado demônio damos prova do sabor do outro autorgamos ao outro a satisfação dos nossos desejos ensejamos fazer o que não sabemos o que o outro sente sentimos muito prazer em prezar a felicidade que perpassa enquanto passamos a mão com a intenção do coração criando intimidade tal que nem pensamento entra no momento em que tudo perde a lógica e vira música ritmo vibração ação e reação cães raivosos rosnando no cio ciciando criando um entendimento que ultrapassa assa coze costura mundos e fundos funde fode faz assim sim gemendo vai vamos vazamos damos as mãos dois amados desarmamos armas acalmamos calamos chamamos o sono sumimos no sonho somos outra vez meninos brincando de cavaleiros andantes pôr estradas que vão dar no castelo onde moram reis e rainhas de reinos a serem conquistados.

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