sexta-feira, 3 de julho de 2009

A QUEDA

Solto o corpo no banco estofado em frente a mesa no bar, barra pesada, arrasado com a queda da Bolsa, deixa cair a bolsa com o inseparável lap top ao lado no banco, banca de executivo, exausto, tombando para trás, trazendo as mãos da nuca a fronte a querer rasurar os pensamentos em avalanche, antes de atinar um lance que o aprume, rume ao sucesso despencado, atirado em queda livre num bungee jump suicida, decida enquanto o celular não soe no encalço a me procurar para o cadafalso, Messias de araque, Mandrake sem mágica, arrisquei em falso, apostei em encantar serpentes, fui picado com a pica que quis meter nos outros, ao aplicar o dinheiro de outrém e que porcaria de vida agida assim no risco, no fio da navalha, canalha, supor-me Deus, Mago, e que estrago, somente um trago, uma dose de cicuta ou que vá tudo a puta que o pariu e fujo pro Hawai, um haraquiri, um Daiquiri, vida kamicaze, por um quase nada me dou bem, a fairy tale sem final feliz, foi por um triz, mais alguns dias teria meu primeiro milhão, agora tenho que me danar feito um cão coçando a sarna, sem armas serei preso, enjaulado, verei o sol nascer quadrado, arcar com o peso da responsabilidade de não ter tido a habilidade de manobrar a crise antes que ela me atingisse feito descarrilado trem bala, porque não se cala esta fala derrotista e qual é do artista, o cara sorrindo, levantando o copo em minha direção numa saudação, um brinde ao quê meu Deus, a minha derrota, que marmota é essa, rindo assim da minha desgraça, palhaço sem graça, não tá vendo que estou acabado, arrasado, um trapo estirado ao chão, só falta agora a cavalaria, a tropa de choque ou um tanque de guerra me jogarem por terra, esmagarem meu corpo, moerem meus ossos, como posso sorrir de volta, vala comum para meus restos, indigente, indigesto desgosto, só o gosto da ruína, a rua da amargura, dando largura no nó da gravata o grande gole de whisky desce frouxo, maneia os ombros, abre os botões da gola da camisa, tira o paletó, joga-o de lado, levanta o dedo em sinal de uma dose, desce de golada, galante outra vez, outra garçom!, e a vida já não parece tão sombria, sobram luzes no horizonte, vindo uma ponte, I want to piss, stand up passa trôpego rente ao cara que sorriu o brinde e esbarra-lhe o braço que leva o copo a boca virando o conteúdo na camisa engravatada, que maçada, sorry, sorri, desculpa, garçom um pano!, deixa que eu limpo!?, foi sem querer, é melhor lavar, vamos até o banheiro!, descem os dois os degraus ao subterrâneo, diz: tira a camisa!, take off while I do a piss!, enquanto tira a água do joelho, vê pelo espelho o outro vindo para o lado, olhando-o tocado, tocando-se, dar vazão ao dourado líquido com visível prazer, estendida mão a molhar no jorro quente e já mãos se tocando, trocando faíscas que o álcool logo incendeia, se puxam, se pegam, se pregam num beijo salivado, linguado, longo e logo vão percorrendo vãos, abrindo botões, caminhos de carinhos, mãos correndo velozes corpo a fora em direção a intenção do outro, fora de si, só senso, sentindo o tesão do outro, se empurram ao reservado, sem reservas se revezam em resvaladas carícias, lambidas nos mamilos, mordidas na nuca, manuseando o falo alheio, alheios ao mundo internam-se bocas, abocanham, se alternam em chupar, morder, lamber, dedos procurando ocupar vazios, visivelmente excitados não exitam em baixar as calças, as cuecas, calcando centímetros de pele, pelados apalpam-se, apoiam-se à parede, põem-se em posição, penetram-se, perdem-se em idas e vindas descontroladas, desmedidas, a medida do pênis, entrando e saindo, arfando, gemendo, dor e prazer, prazer e dor dando vazão, dominador dominado, dominado dominador, inominado fluxo e refluxo, domando a ânsia de querer preencher, ser preenchido, corrompidos laços com a realidade, na verdade rompem regras, rasgam linhas divisórias, dadivosos dançam, dão-se, avançam e recuam fronteiras, quase a beira da loucura, a cura para todos os males, males, machos se acham, acham-se, chamam-se na cincha, cingem-se danados, tomados, possuídos de tentáculos tântricos, telúricos, trogloditas, túrgidos, rígidos, rentes, rítmica variação para trompete e trombone, me come, me vara, que vara! bate na cara, cara! caralho que foda! Fode! Foda-se tudo quero o prazer. Azar de quem não faz, me dá teu beijo! Quero ser teu! Cabe no meu abraço. O que faço agora, é chegada a hora. Ora, vamos juntos! Justapõe movimentos a quase violência, a total urgência, rugem, rijos, ritmados, tensos, tesos, tesudos, totalmente intencionados se internam, se integram, se entregam, dão vazão a enorme tesão, extrapolam, extravasam, gemem, ganem, vertem! Apolos gozam! Ainda convulsos se tiram. Já avulsos, centímetros distantes, se medem, se olham ridentes, atem-se, atinam-se, sentem ter criado um vínculo, uma vírgula na vida. Vestindo-se, se vigiam a saberem a intenção, se vale só dizer um valeu, tchau, nem isso ou, por isso, vamos tomar um drink juntos, provocar um assunto que nos leve além, vem!

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