segunda-feira, 22 de junho de 2009

LEVE



Ele chegou leve como uma brisa de fim de tarde ardia um verão varão veio logo mostrando os atributos falando da tribo tratando de entronar na casa casando a falta de jeito com os assentos almofadados fadado a ser o que diz que é me ferra ao apontar um ferrado falo falando me chupa que a chapa tá quente como quem diz que sede me cede um copo d’água dando água na boca de tão gostoso gosta de andar nu navega a barlavento pelo apartamento com o corpo movido a barraventos vai derrubando as palmeiras da varanda varando o quarto entrando sem pedir licença nem tomar a bença criando desavença com o gato Angorá senhor do seu castelo o Costelo estirado na cama ronrona carícias se dizendo meu dono rei no seu trono me traz um agrado um bombocado desbocado desanda a falar palavrão na hora do vamovê move céus e terra abre as pernas penetra sem dó nem piedade comum a idade dá de dez a zero e nem leva em conta os berros de assim não que dói machuca chupa morde lambe assopra assa o peixe pede sopa se serve de todos os talheres bem talhado enche as colheres de olhares enviesados para o guisado bisando o mambo mastigando o jambo arrocha o chamego de vem cá meu nego paga pra vê se não dou outra traz truques na manga manja de malabares manuseia seus dotes de rapazote faz ares de quem viajou mares de abandono quase cão sem dono demora a cair no sono pede colo calor do ninho faz carinho se diz sozinho quer casar e azar de quem não acredita porque parece um bruto mas é um bruta monte de amor morre de medo de passar fome nem tem nome é uma mistura de cruz credo com arremedo de arroto e irrompeu nele


garoto roto mas caprichado pôr natureza uma beleza quase uma pintura barroca ronca um pouco diz que pôr um triz não foi a bancarrota nas barrancas dos rios da vida maldita que aprendeu a viver vazando ileso apesar de indefeso das ofensas que ouviu da puta que o pariu de onde partiu rindo pro mundo que se abriu em leque ainda moleque criado na rua rasgou todas as bandeiras beirou vários precipícios voltou aos inícios ao ser iniciado nas artes do amor ficou marrento faz como ninguém dá o alento que convém ao parceiro certeiro não só sua seta acerta o alvo mas alvo de alma inteiro se entrega me estragando pra sempre entrando em cheio no meu coração vago como vaga em quarto de pensão acostumado ao entra e sai pouco sai e pensa bem onde por a mão macia cheia de pureza ímpar parte de um corpo que age de acordo com a consciência que sabe a ciência de tudo que faz me fazendo acreditar em milagres esquecer dos vinagres vertidos dos relacionamentos anteriormente investidos vestido de menino é um homem como poucos um pouco infantil mas é justamente o que lhe aumenta o charme me chama amor me come com os olhos me lambuza de chocolate e depois late imitando cachorro brabo bobo resmunga quando não é atendido mas me entende os desejos ditoso enseja que no meu riso rasgado responda pra ele com a alegria que ainda não teve tem mil idéias de como melhorar o mundo vai fundo em tudo que faz traz pra casa um monte de bobagens aragens de rua rasga o verbo verte lágrimas nas cenas piegas prega botões caídos das camisas sociais que uso pra trabalhar trata todos de modo igual mas nada se iguala a seu beijo que é quando sinto que ele não é deste mundo que tudo nele é nobre como um vinho muito antigo e que além de lindo ele é um deus, meu Deus!

Um comentário:

  1. Muito bom, esse conto hein, ele nós faz viajar nas emoções. Parabéns.

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